Por Alberto Vieira da Silva
As empresas são como as pessoas: se elas são positivas, empreendedoras, os problemas são superados e convertidos em combustível para continuar a jornada; pelo contrário, se elas são pessimistas e inseguras, qualquer probleminha vira um drama, a depressão se instala, e não sobra tempo para conquistar e apreciar as coisas boas da vida. Não admira que seja assim, porque as organizações são essencialmente formadas por pessoas, relacionando-se também com pessoas no meio externo: tudo o mais, tecnologias, edifícios, depósitos bancários, são absolutamente inertes, dependendo de pessoas para se movimentarem. O próprio fluxo de caixa não é fluxo nem é caixa, se pessoas não o colocarem em movimento.
Desse ponto de vista, poderíamos até afirmar que não existem “Recursos Humanos”, porque os únicos recursos das organizações são humanos e apenas humanos. Portanto, e complementando a frase com que comecei este artigo, as empresas não são “como” as pessoas: elas são apenas e exclusivamente pessoas. Pessoas individuais, conformando pessoas coletivas, logo, com o mesmo DNA de pessoas individuais, mexendo com bens materiais e imateriais, todos eles gerados ou valorizados também por pessoas. Do mesmo modo, na chamada análise SWOT, esses quatro elementos tão falados e suas relações – Forças – Fraquezas – Oportunidades – Ameaças – aplicam-se tanto nas empresas como na vida pessoal de cada um.
Acontece, porém, que oportunidades e ameaças são vistos frequentemente, do ponto de vista teórico, como opostos e mutuamente exclusivos: uns aqui, outros ali. O mesmo acontece com as forças e fraquezas. Essa visão da questão como um simples jogo de opostos reflete uma abordagem estática e analítica, que também é necessária, mas não mostra a realidade como ela é. É algo como a Anatomia: cada órgão pode ser estudado e aprofundado por si mesmo, isolado dos demais, mas não reflete o conjunto que é o organismo vivo, no qual todos os órgãos interagem.
Do mesmo modo, o que se passa com o modelo SWOT, é que esses quatro elementos não existem isolados, mas sim integrados, como se fossem quatro faces de um todo único, independentemente do que cada um significa por si mesmo: eles constituem um sistema dinâmico, desdobrando-se sempre em múltiplas combinações, cujo equilíbrio ou desequilíbrio, face à realidade da organização – interna e externa –, também muda continuamente.
Cabe, portanto, aos decisores de topo, estar permanentemente atentos e antenados a esse dinamismo, para poderem agir logo, dentro de seus limites de proficiência, decisão e investimento, e otimizar o conjunto também como um todo. Assim, tanto quanto o modelo SWOT reflete a visão estratégica básica de qualquer organização que depende do mercado para sobreviver, essa visão estratégica também implica observar esse dinamismo diariamente, porque dia a dia as realidades interna e externa mudam e interagem, através da interatividade complexa de todos os seus fatores.
Na vida diária de uma empresa ou organização, as oportunidades são mais importantes do que as ameaças, por uma razão muito simples: detectar ameaças não cria oportunidades. Ou seja, a prospecção e desenvolvimento das oportunidades é que gera resultados, enquanto o foco nas ameaças não faz muito mais do que pensar em problemas. Justamente, dando crédito a Drucker em Managing for Results , os resultados provêm do aproveitamento das oportunidades e não da solução dos problemas. “A solução de problemas só restaura a normalidade”- afirma o guru, desaparecido em 2005 -, ao passo que as oportunidades, se aproveitadas, levam a organização a explorar novos caminhos, tornando-se, portanto, mais mais forte e competitiva.
Como o tempo é sempre uma variável limitada e limitativa, o tempo gasto em aprofundar as ameaças pode deixar muito pouca margem de tempo livre para explorar as oportunidades. Portanto, focar o mais possível nas oportunidades é trabalhar para resultados e, quando os resultados são bons, os problemas são minimizados e as ameaças também: essa será a hora de minimizar as ameaças restantes.
O foco principal dos que têm a seu cargo a liderança estratégica da organização é o desenvolvimento e expansão do negócio, ou seja, trabalhar a inovação e o mercado: a inovação melhora as forças ou pontos fortes da empresa, mas também é dirigida para onde se encontram as oportunidades; e o mercado, entendido como marketing estratégico, explora as oportunidades, mas permite igualmente melhorar o produto. Como se vê, a interação entre ameaças, oportunidades, forças e fraquezas é total e permanente. Aqui também temos que dar novo crédito a Drucker, quando afirma que a empresa tem apenas duas funções básicas: marketing e inovação. “Marketing e inovação produzem resultados; tudo o mais são custos” (Management: tasks, responsabilities, practices).
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